Passei as férias no Chile e vivi uma imersão num mundo que trata a pandemia com o devido respeito e que me fez refletir.
Máscaras utilizadas corretamente e em todos os locais, por qualquer tipo de pessoa. Álcool gel na entrada de todos os lugares públicos, acoplado a controle de temperatura com alarme.
O Chile vem sendo considerado um dos países mais seguros para se viajar na pandemia. Não só por todo esse controle, mas também pelo “pente fino” a que submetem os turistas antes de entrarem no país. Quase dois meses antes da viagem é preciso enviar comprovantes de vacina, documentos pessoais, exames e aguardar a autorização de entrada pelo Ministério da Saúde local, entre outras coisas.
Esse foi o lado realmente admirável de se fazer turismo nesses tempos esquisitos.
Porém, estando lá, um outro fator chamou muito a minha atenção – o déficit na prestação de serviços. E aí a impressão não foi nada positiva.
Fomos recepcionados por profissionais visivelmente incomodados com a nossa presença, talvez sugestionados pelo “agressivo” controle da Covid. Ao contrário do clima já visto em outros lugares, e até no Brasil, os chilenos estavam não só com um ar cansado, como mal-humorados e nada receptivos.
Mas, acima de tudo, estavam despreparados!
Jovens iniciando no mercado de trabalho foram colocados em postos provavelmente antes ocupados por profissionais experientes, e mais custosos. Embora louvável dar vez à juventude, a falta de treinamento faz cair por terra qualquer lado profícuo da iniciativa.
E esse é um exemplo claro a não ser seguido. A pandemia explica muita coisa, mas não justifica certas medidas corporativas.
Não há justificativa para o corte de treinamento visto que a prestação de serviços vive do bom atendimento e do retorno do cliente. Cliente infeliz, não retorna e não divulga, tornando o negócio inviável. Ou seja, trata-se de uma economia burra e que não se sustenta.
Hotéis com recepcionistas, garçons e camareiras despreparados será alvo fácil de críticas nos portais especializados.
Restaurantes com extrema lentidão e atendimento grosseiro terão o mesmo destino.
E, sob a análise em larga escala, destinos turísticos antes disputados, passarão a ter a fama de “micados”. Afinal, ninguém gosta de pagar para ser maltratado. Mais ainda no atual momento, onde tudo está mais sacrificado e à flor da pele.
Se eu indico o Chile para alguém? Com certeza! Possui paisagens maravilhosas. Mas indico para o futuro, quando o medo já não fizer mais parte da sua rotina. Porque, nesse momento, e com tantas barreiras, o Chile é destino apenas para quem realmente precisa.
Agora imagine que essa minha declaração se referisse à sua empresa ou ao seu serviço. E que ela ganhasse repercussão nas redes. Será que teria valido a economia?
Treinamento corporativo e de pessoal nunca são um gasto e sim, investimento. E, certamente, um diferencial antes e ainda mais valorizado no mundo durante a pandemia.
Estamos dando mais atenção ao consumo, às relações e ao bem-estar. O prestador de serviço que não se atentar a isso, terá dificuldades.
Para mim lógico que a viagem valeu, como todas sempre valem! Mas a experiência ficou assim registrada.